terça-feira, 12 de abril de 2011

Apontamentos tempestuosos

Tanto assunto no mundo, e eu, sem nenhum. Sem nenhum que valha a pena e a palavra, sem nenhum que grite em mim pedindo opinião, expressão, reflexão. Não fui ao cinema, nem ao teatro, nem à exposição do fulano, nem ao show do cicrano. O jornal ora me entendia, ora me deprime, ora me revolta. Não dá pra falar das notícias. Agora não.

Mas o silêncio e o vazio das páginas já me incomodam, me coçam, me inquietam. Algo tem que sair daqui. Apontamentos.

Assunto da emoção, meu filho. E aí falar da vertiginosa aventura da maternidade. Delícia. Loucura. E o tempo que passa voando e vai se transformando em centímetros a mais, em quilos a mais, em pessoinha que anda, que fala, que briga, que conversa, que quer. Em sorriso, em dengo, em carinho, em amor. Amor sem fim, sem limites, sem constrangimentos. O melhor amor do mundo. De verdade.

Assunto da razão, ser o que nessa vida? Aos 30 e poucos a pessoa começa a se perguntar (se não sabe ainda), afinal, a que veio. Porque aos 30 e poucos bate aquela sensação estranha e nova de que o tempo passa de fato e de que teus sonhos, planos e desejos vão passando também se você não faz nada por eles. Aos 30 e poucos, sinto-me inquirida por mim mesma. "E aí, como é que vai ser?". E nessa, o trabalho, o estudo, a (des)ordem das coisas da vida cotidiana.

Encantamento. Quero escrever sobre o encantamento, que é o que vale a pena nessa vida. Fadas, gnomos e seres brilhantes de mundos paralelos. As cores do dia nascendo, as cores do dia morrendo. As cores do dia, dia. A dor da vida vindo à vida. E a vida, com todas as cores e dores. A impermeabilidade da folha de lótus e a cor azul refletida pela asa da borboleta azul. A risada do meu filho. Meu filho. A maternidade, a maternidade....

Fim da chuva. Nuvens que ficam, é água que ainda se anuncia.

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